existe, de fato, puxa e repuxa, o controle foge e o ar me falta, existe o querer e o bem querer, minha certeza vira incerteza, são sempre os dois lados da moeda, pisquei pra conseguir tirar o cisco dos olhos, e ainda sim, não saiu, tive que esfregar os olhos, e quando tudo esteve mais visível e claro, notei, um ar de desejo, indecifrável, um ponto de interrogação.

Calyne Toledo

não quero mais, percorrer caminhos de mãos atadas, eu preciso de um sinal, de fumaça pode ser, não quero me sentir presa a uma linha que me dê obrigatóriamente caminhos dos quais não quero seguir, preciso me sentir livre, sentir o poder de poder fazer tudo, com meus próprios passos, mesmo que meu tudo, seja nada, preciso arriscar e sentir se o gosto é doce ou amargo. Não quero ter nenhum limite, não pare no meio do meu caminho, não tente me coagir, porque vai ser em vão. Por todo sempre, você foi rei e rainha, e eu ? a mera súdita, dizem que o jogo vira, e se hoje derrubei seus planos A e B da mesa, e se virou bobo da corte, me desculpe, mais foi você, quem despertou a majestade que existe aqui dentro.

Calyne Toledo

'senti que podia. Fora feita para libertar. Libertar era uma palavra imensa, cheia de mistérios e dores.'

Clarice Lispector

Insônia que não bate na porta, chega de repente num uivo contente, insônia que me bate e me deixa do avesso, pro dia seguinte de dezembro, insônia que consome minhas noites por dias de sono. Não sei de onde vem, se da ansiedade, preocupação, alimentação, ou intuição, perguntas sobram e o sono insiste em não ser derrubado, persistência . Ouço o barulho do silêncio, e junto, meus pensamentos gritantes, arranho paredes e observo retratos. Me sinto totalmente entorpecida, e sou vencida, uma força maior, e ela impregna. Mais, sempre que vejo a noite virar dia, o sol brilhar e os pássaros cantarem, a única coisa que consigo me voltar toda atenção é quando isso se torna o único e singelo elemento que sua duração importa, assim, verdadeiramente o dom da vida. E encontro, a paz de me sentir totalmente estável .

Calyne Toledo

Tenho pensado, no quanto eu preciso me perder por aí, mesmo que eu ainda sim continue não me encontrando, mesmo que ainda sim,continue não me achando, o que importa é me perder, sem ter razão, ir pra lá e não pensar em solidão.

Tenho pensado nas flores do jardim, e no perfume delas, em cada pétala que cai, um bem me quer, ou um mal me quer, qualquer.

Tenho pensado no sol, o sol que me aquece sem que eu peça, o mesmo que me ilumina e ainda sim deixa tudo com mais brilho, no amanhecer que se vai com o mais lindo entardecer que cai calmamente, nos deixando com a noite, o anoitecer.

Tenho pensado nas palavras ditas, o poder de um mero oi, ou até mesmo um adeus, já parou pra pensar no poder que suas palavras podem ter aos ouvidos de um alguém ?

Tenho pensado no primeiro, no segundo e em quantos amores da minha vida ainda estão por vir, e notei em como foram diferentes um do outro, mesmo que parecia, no mesmo instante não tem, a mera igualdade, meu sentr por tais, foram diferentes, e como foram, é engraçado analisar, e ainda sim, esperar pelo principe encantado, hei de encontrar.

Tenho pensado naqueles que me tiram constantes sorrisos, que faltam me fazer morrer com falta de ar, em como os dias são mais leves e alegres com estes, nos amigos do peito, aqueles que a gente leva pra qualquer lugar, sem se quer hesitar.

Tenho pensado na paciência que não tenho e preciso adquirir pra não me tornar tão cedo uma velha chata e caótica, uma pessoa com rugas antes do tempo, sem graça e cheia de antipatia .

Tenho pensado nas pessoas que simplesmente deixei de lado, sem querer deixar, e sim pelo meu tempo sem tempo, e que a tempo talvez, percebi e quem sabe poder reverter com minhas atitudes os ponteiros do meu relóginho .

Tenho pensado na bagunça do meu quarto, onde só eu consigo me achar, podem até querer arrumar, mais o arrumado é o bagunçado pra mim, e eu adoro .

Tenho pensado minuciosamente, sobre todos os fatos e tantas coisas que me fazer ser tudo isso aqui, ou só isso que sou, e das tantas lembranças que tenho faço delas caminhos com pedrinhas pra voltar a certos lugares ou certas pessoas, que me fazem lembrar e pensar na minha essência, naquilo que fui pra ser o que hoje eu sou, coisas grandes e pequenas, graves e bobas, eu gosto disso, é uma forma de me conectar assim, com tantas vidas, em uma só, a minha .

Calyne Toledo

tento agarrar com minhas mãos, o que de certa forma não vou encontrar, é como tentar abraçar o vácuo, e mesmo sempre ciente, permaneci da mesma forma, brinquei de teatro para tentar fantasiar o que era mais do que real, mais como dizem, o palhaço pode estar rindo por fora mais ningém sabe e nunca saberá o quão ele chora por dentro.

Calyne Toledo